A Wicca é uma religião pluralista em sua concepção de divindade, sendo unida mais pela prática do que pela crença em deuses específicos. Embora muitos wiccanos honrem um Deus e uma Deusa, as identidades dessas divindades variam amplamente, podendo vir de diferentes panteões históricos ou até mesmo de interpretações modernas.
Diferente das religiões monoteístas, onde há uma única divindade central, os wiccanos são livres para estabelecer relações pessoais com as divindades que os chamam. Assim como no hinduísmo, onde os devotos honram deuses conforme sua necessidade espiritual, os wiccanos sentem um chamado individual para certas divindades. Enquanto alguns seguem os deuses tradicionais de seus covens, os ecletistas descobrem suas divindades ao longo da jornada espiritual.
Os primeiros autores wiccanos, pertencentes a tradições iniciáticas, utilizavam os termos “Deus e Deusa” de maneira genérica, pois seus votos os impediam de divulgar os nomes reais das divindades cultuadas. Com o tempo, essa nomenclatura foi adotada por muitos wiccanos como uma maneira de se referirem às forças divinas de maneira ampla e acessível. No entanto, também há quem veja todas as deusas como aspectos de uma única Deusa e todos os deuses como manifestações de um Deus primordial. Essa visão, embora popular na literatura eclética, não é universal na Wicca. Esses deuses são vistos como sendo um cristal multifacetado, para etender melhor é como se a Deusa fosse um cristal com várias faces, cada face existe por si só, representando uma parte do todo.
Entre os títulos frequentemente usados para se referir às divindades wiccanas, destacam-se o Deus Cornífero e a Deusa Tríplice. O Deus Cornífero é uma figura associada tanto ao caçador quanto à presa, representando a natureza selvagem e os ciclos de vida e morte. Ele rege o inverno e o submundo. Já a Deusa Tríplice é uma divindade lunar, simbolizando as três fases da vida: juventude, maturidade e velhice, associadas às fases da Lua crescente, cheia e minguante, ou jovem, mãe e anciã.
Além das divindades, há também os espíritos da natureza, que podem ser vistos como entidades que residem em elementos específicos da paisagem, como árvores, rios e montanhas. Embora alguns wiccanos interajam e demonstrem respeito por esses seres, não há culto ou adoração a eles. O mesmo se aplica aos elementais – seres associados aos quatro elementos (Terra, Água, Fogo e Ar) – que são frequentemente chamados em rituais, mas não são tratados como divindades.
Uma pergunta comum feita a wiccanos é se eles adoram a natureza. Embora a natureza seja reverenciada, a visão wiccana não se limita ao que é tangível. A natureza, para muitos wiccanos, é mais do que árvores e rios; é a totalidade do universo e suas forças espirituais. Assim, quando alguns falam de “Natureza” como uma deusa, estão se referindo a essa força espiritual maior e não apenas aos elementos físicos que a compõem.
A visão wiccana da divindade é, portanto, fluida e pessoal, permitindo que cada praticante construa sua própria relação com os deuses que os chamam, sem uma estrutura fixa ou universalmente aceita.